Energia

Cenário atual da Indústria de Energia no Brasil

By 17 de maio de 2021 setembro 21st, 2021 No Comments

Petróleo e Gás Natural

A Indústria de Petróleo e Gás Natural no Brasil é um dos mais dinâmicos segmentos de produção, da atividade econômica do país. Congregando uma vasta gama de empresas brasileiras e estrangeiras, trabalhando em todos os elos da cadeia produtiva do negócio (Exploração e Produção, Refino e Transporte de derivados, Distribuição e Comercialização) a área de petróleo e gás é hoje responsável por 13% do Produto Interno Bruto Brasileiro (US$1,4 trilhões ao final de 2020) correspondendo, portanto, à uma contribuição na geração da riqueza nacional com US$181,5 Bilhões em 2020. É uma indústria que congrega grandes volumes de capital intelectual (acervo das empresas em rotinas, procedimentos, normas e sistemáticas) e um grande contingente de pessoal qualificado com graus de Mestre e Doutor.

A indústria de petróleo e gás no Brasil apresenta sempre grandes desafios tecnológicos e de natureza financeira para serem vencidos, já que, praticamente, o Brasil não possui óleo em terra. A grande maioria dos campos de produção de óleo estão localizados na plataforma continental em águas profundas e ultra-profundas (superior a 3.000 metros de lâmina d’água). Com mais de 30 empresas operadoras no Brasil hoje (ANP Jan 2020 Relatório da Produção Nacional de Petróleo e Gás) considerando atividades de exploração e produção em terra e no mar, a PETROBRAS (Petróleo Brasileiro S.A.) continua mantendo sua liderança como a maior empresa de petróleo do Brasil, e uma das maiores do mundo.

Em 2020, no quarto trimestre do ano, a Petrobrás apresentou produção média de óleo, LGN e gás natural de 2. 68MM boe/dia (Petrobras – Resultados 2020) , lucro líquido de US$ 7.1 Bilhões e um EBITDA consolidado de US$27,5 Bilhões (Petrobras – Resultados 2020) exibindo uma alta  de 10,6% em relação a 2019 devido às maiores margens nas vendas domésticas e de exportação, em linha com a recuperação do preço do Brent e a redução de despesas operacionais.

A Agência Natural do Petróleo – ANP – é o órgão regulador da atividade no Brasil e tem realizado leilões de blocos a cada ano. Segundo estimativas da própria Agência, até 2030 serão investidos no Brasil cerca de US$300 bilhões na cadeia produtiva de petróleo, Gás Natural e Energias Renováveis.

Considerando o Plano Estratégico 2021-2025 e os Cenários  Petrobras 2040, a Companhia  levou em conta grandes direcionadores como  a redução das emissões operacionais totais  em 25% até 2030, a expectativa de  que  veículos elétricos em uso compartilhado no mundo serão 30% das vendas do mercado automobilístico mundial em 2030, o processo da inclusão energética com o smart grid atingindo um bilhão de pessoas até 2040 e o aspecto geopolítico de que 42% da produção de óleo cru no mundo estará concentrada em áreas conflagradas.

A Companhia espera investir no período 2021-2025, US$55 bilhões sendo que deste total, US$46,5 bilhões em Exploração e Produção, US$4 bilhões em Refino, US$ 2 bilhões em Comercialização e Logística, US$1.0 bilhão em Gás e Energia e US$ 2 bilhões no Corporativo. (ver Figura 1) Os investimentos da Petrobrás representam 95% do total dos investimentos em óleo e gás no Brasil, considerando o total das 34 operadoras presentes hoje no país.

Figura 1 – Investimentos da Petrobras para o período 2021-2025
(Fonte: Plano Estratégico da Petrobras 2021-2025)

Gás Natural

O Brasil é um país muito jovem no que tange ao uso do gás natural como energético e como insumo industrial. Embora os Estados Unidos, o Canadá, a Rússia e alguns países da Europa Ocidental já tivessem descoberto o valor do gás natural desde os primeiros anos do século 20 (imposição por necessidade de combustível de aquecimento devido aos rigores do inverno) podemos considerar que a história do gás natural no Brasil se inicia em 1992 quando o Ministério de Minas e Energia reafirmou a meta estratégica de reconfiguração da matriz energética brasileira, de modo que o gás natural respondesse por 12% (doze por cento) de participação nesta matriz até o ano 2010 ( MINISTÉRIO DAS MINAS E ENERGIA, 1992 ). Esta meta havia sido previamente estabelecida pela antiga Comissão de Gás do MME e foi posteriormente confirmada pelo Conselho Nacional de Política Energética – CNPE – órgão maior responsável pelo estabelecimento das políticas e diretrizes para assuntos relacionados à energia no Brasil. A meta foi parcialmente atingida com a participação de  10,8% em 2010 (Fonte: IBGE, Ids 2012).    Atualmente a participação do gás natural na Matriz é de 12,2 % (EPE, 2020).

Para a internalização do gás natural como combustível ou insumo industrial no Brasil, são necessárias inúmeras obras de infra-estrutura, especialmente ligadas à expansão da malha de gasodutos de transporte (grande diâmetro). Essas obras implicam em vultosos investimentos e são a causa do novo modelo regulatório aprovado pelo Senado Federal em 10/12/2020 (PL 4476/2020) e finalmente homologado pelo Congresso em 17/03/2021.

Os pontos principais dessa nova Lei são:

  • Aumentar a concorrência no mercado de gás natural, atraindo novos investidores;
  • Trazer  mais competitividade ao setor;
  • Disponibilização do uso da malha de gasodutos de transporte;
  • Redução de custos de produção e do preço final ao consumidor.

Para se ter uma idéia do que ainda está por fazer, vamos analisar o mapa mostrado na Figura 2, onde pode ser apreciada a malha de gasodutos de transporte do Brasil. Vemos que a quase totalidade dos gasodutos se localiza na costa leste, com um grande vazio para dentro do continente brasileiro. É exatamente esse vazio que significa grandes oportunidades para operadores e fornecedores de bens e serviços, nacionais e estrangeiros que queiram se dedicar ao desenvolvimento dessa indústria, pois o gás natural é, inequivocamente, uma solução energética que não pode ser ignorada pelo Brasil (ver Cadeia de Fornecedores).

Figura 2 – Malha de Gasodutos de Transporte de Gás Natural no Brasil
Fonte – Agência Nacional do Petróleo – ANP

Em evento recente no Rio de Janeiro (Dezembro de 2020), a Rio OIl and Gas, maior evento do Setor na América Latina, os investidores estrangeiros convergiram de que o gás natural pode desempenhar um papel preponderante para o Brasil, mas que é necessário um ambiente estável e previsível para avançar com novos projetos. A aprovação da Lei 4476/2020 vem sanar estas indagações desses investidores. A Equinor, por exemplo,  tem um belo portfolio de investimentos voltados ao gás natural que deve ficar ainda mais atrativo com a aprovação da Lei 4476/2020.

Eletricidade

A Energia Elétrica tem um papel preponderante na Matriz Energética Brasileira como pode ser visto na Figura 3 .

“A demanda de energia elétrica no Brasil em fevereiro de 2021 totalizou 41.214 GWh, alta de 1,1% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Já o consumo acumulado em 12 meses foi de 475.909 GWh, representando uma queda de 1,1%, comparado ao período anterior.

Entre as regiões geográficas, Nordeste (+3,1%) e Sudeste (+2,1%) apresentaram expansão no consumo de eletricidade em fevereiro de 2021, enquanto Norte (-2,8%), Centro-Oeste (-1,1%) e Sul (-0,6%) mostraram retração no consumo.

A classe industrial (+4,4%) apresentou a maior taxa de crescimento do consumo para o mês de fevereiro desde 2011. A classe apresenta taxas positivas desde agosto de 2020. O aumento do consumo na indústria continua puxado pelas regiões Sul (+6,0%) e Sudeste (+5,2%), o que vem ocorrendo desde dezembro com estas duas regiões se alternando na liderança dos índices de crescimento. Conforme ocorre desde setembro do ano passado,

Figura 3 – Matriz Energética Brasileira em 2017
(Fonte: EPE 2019)

metalurgia (+208 GWh; +6,6%) e produtos minerais não metálicos (+99 GWh; +9,8%) lideraram a expansão, mas em fevereiro foram acompanhados de perto por produtos químicos (+96 GWh; +6,8%).

A classe residencial (+3,4%) também apresentou crescimento no consumo de energia elétrica em fevereiro, puxado pelas regiões Nordeste (+6,5%) e Sudeste (+5,2%).

Por outro lado, a classe comercial (-7,3%) ainda registra queda no consumo de energia elétrica em fevereiro, porém menor do que a média dos últimos dozes meses. O setor de 7 comércio e serviços continua sendo o mais afetado pelas medidas de distanciamento social decorrente da pandemia da COVID-19. Todas as regiões do país tiveram recuo no consumo de energia da classe. As regiões Norte (-15,5%) e Centro-Oeste (-9,3%) foram as regiões que tiveram as maiores retrações do consumo”. (Trecho entre aspas retirado de uma nota da EPE encontrada em Notícias Resenha Mensal: O consumo de eletricidade no Brasil em fevereiro de 2021 apresentou avanço de 1,1% em relação ao mesmo mês de 2020 (epe.gov.br)).

A hidreletricidade tem sido a principal fonte de geração do sistema elétrico brasileiro por várias décadas, tanto pela sua competitividade econômica quanto pela abundância deste recurso energético a nível nacional. O Brasil dispõe de um sistema gerador com capacidade instalada de mais de 150 GW, com predominância hidrelétrica. Essa predominância decorre da extensa superfície territorial do país, com muitos planaltos e rios caudalosos. O potencial hidrelétrico brasileiro é estimado em 172 GW, dos quais mais de 60% já foram aproveitados. Aproximadamente 70% do potencial ainda não aproveitado está localizado nas bacias hidrográficas Amazônica e Tocantins – Araguaia. Trata-se de uma tecnologia madura e confiável que, no contexto de maior preocupação com as emissões de gases de efeito no estufa, apresenta a vantagem adicional de ser uma fonte renovável de geração (EPE 2020,Áreas de Atuação, Energia Elétrica, Expansão da Geração, Fontes).

A geração termelétrica pode ser promovida por meio de diferentes combustíveis: gás natural, biomassa, carvão mineral, nuclear, óleo combustível entre outros. A definição do combustível para geração, especialmente para usinas de grande porte, está relacionada ao atendimento de critérios técnicos, econômicos, logísticos, ambientais e, em alguns casos, de políticas energéticas (EPE 2020,Áreas de Atuação, Energia Elétrica, Expansão da Geração, Fontes).

A estratificação do consumo industrial de energia no Brasil é mostrado na Figura 4.

Figura 4 – Estratificação do consumo de energia industrial do Brasil por fontes.
Fonte: PDE 2027 (EPE 2018)

Cerca de 70% da oferta de energia elétrica no Brasil é de base hídrica, portanto renovável. O restante é fornecido por usinas termoelétricas a gás natural e parques eólicos. Muito pouco é de base térmica a diesel ou outros combustíveis.

Energias Renováveis

Entre os anos de 2000 e 2010 a Petrobrás manteve em seu Centro de Pesquisas e Desenvolvimento, grupos de especialistas que se dedicavam ao estudo das diversas formas de Energias Alternativas e suas possibilidades de aplicação no Brasil. As energias estudadas eram a eólica, a solar, a energia da terra (gêiseres), a energia dos oceanos e os biocombustíveis. Após a descoberta do Pré Sal, e em vista da necessidade de desenvolver os campos cujas atividades eram novas e caras, a Companhia foi gradativamente tirando a ênfase nas atividades de renováveis até manter apenas em seu portfolio os biocombustíves em 2010. Agora, equacionado os desafios do desenvolvimento da camada Pré Sal, sob os pontos de vista tecnológico e de custo, a empresa decidiu retomar gradativamente as atividades em renováveis com o foco do BioRefino e o Bio Diesel.

Esta decisão é a mais lógica, tendo em vista os direcionadores do Plano Estratégico e, também, tendo em vista os movimentos das outras operadoras no mundo que estão investindo grandes aportes nessa área.

Observa-se, entretanto, grande atividade no investimento em Energias renováveis por parte de outras operadoras e mesmo de pequenas empresas voltadas à serviços na área de energia. O grande foco é a Energia Solar já que o parque Eólico já está bastante desenvolvido e o Brasil é um país de grande insolação média em todas as regiões geográficas, em particular no Nordeste. Mais detalhes sobre iniciativas voltadas para Energias Renováveis no Brasil podem ser obtidas nas home pages do Ministério de Minas e Energia (https://www.mme.gov.br) ou da Empresa de Pesquisa Energética (www.epe.gov.br).

Referências

 

Plano Estratégico da Petrobras

 

Empresa de Pesquisa Energética – EPE

www.epe.gov.br

Energia Elétrica Expansão da Geração (epe.gov.br)

Notícias Resenha Mensal: O consumo de eletricidade no Brasil em fevereiro de 2021 apresentou avanço de 1,1% em relação ao mesmo mês de 2020 (epe.gov.br)

Notícias Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional 2019 – Ano base 2018 (epe.gov.br)

EPE PT

 

Universidade de São Paulo

www.usp.br/portalbiossistemas/?p=7865#:~:text=As hidrelétricas são responsáveis por,que há a maior produção

 

UFRJ, Gesel – Grupo de Estudos do Setor Elétrico – Panorama Geral do Setor Elétrico e Governança Setorial  – Apresentação em Power Point por Victor Gomes – 2019

Leave a Reply